segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Lula cria instituto com seu nome e deixa reforma política de lado

Segundo Paulo Okamoto, diretor-presidente da organização, Lula vai tentar acelerar projetos conversando direto com parlamentares

Ricardo Galhardo, iG São Paulo | 15/08/2011 20:07
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu cerca de 40 lideranças das áreas política, empresarial, movimentos sociais e acadêmica nesta segunda-feira em um hotel de São Paulo para formalizar a criação do instituto que leva seu nome. A reforma política, que deveria ser o principal ponto da agenda interna do ex-presidente, foi deixada de lado. A reforma é objeto de pessimismo entre os próprios correligionários de Lula no PT.
Segundo o ex-presidente do Sebrae Paulo Okamoto, diretor-presidente do Instituto Lula, o ex-presidente desistiu de fazer sugestões para a reforma política e vai se contentar em conversar com dirigentes partidários para tentar imprimir ritmo mais forte aos projetos em trâmite no Congresso.


Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Cidadania/Divulgação
Lula discursa durante assembleia que criou o instituto
Alvo de críticas por supostamente interferir no governo da presidenta Dilma Rousseff, Lula vai, pelo menos por enquanto, enfocar temas externos. As prioridades do instituto serão o desenvolvimento da África, integração da América Latina e criação de um museu para guardar o acervo acumulado em oito anos de governo.
“A preocupação é não ter qualquer interferência no governo Dilma. O papel é mais de política de Estado do que políticas de governo. Interessa ao país ter ex-presidentes que possam representar o Brasil no exterior. Em outros países isso é comum”, disse o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, um dos associados do novo instituto.
O estatuto da organização, aprovado durante o encontro, prevê a possibilidade de o instituto receber dinheiro público. No item 13, o documento abre espaço para que a entidade firme convênios com o setor público. Mas, segundo os diretores do instituto, Lula pretende contar apenas com doações de empresas e pessoas físicas para financiar as atividades da entidade.
“Vamos buscar empresas que possam contribuir. O instituto vai usar somente recursos privados. Já optamos por não criarmos o instituto em formato de Oscip (Organização Social de Interesse Público) para deixar claro que não queremos dinheiro do governo”, disse Okamoto.
Mas, de acordo com o deputado José de Filippi Jr. (PT-SP), diretor da entidade e ex-tesoureiro das campanhas de Lula em 2006 e Dilma em 2010, existe a possibilidade de parcerias em projetos específicos.
Segundo o ex-ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia, que também é associado, um dos objetivos da entidade é replicar em países da África e América do Sul projetos sociais bem sucedidos do governo Lula.
Lula reuniu um grupo de peso para marcar a estréia do instituto. O quadro de associados conta com dois ministros (Mercadante e Celso Amorim, da Defesa), sete ex-ministros, os presidentes do PT e da CUT, intelectuais como Marilena Chauí e Maria Victoria Benevides e líderes de movimentos sociais nas áreas de reciclagem de lixo e moradia.
Durante a reunião, Lula chegou a brincar com a ideia de se continuar se dedicando à política em vez de se aposentar. “Se tivesse juízo não estaria aqui criando um instituto”, disse.
O advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula e amigo de longa data, também participou da reunião na condição de associado.

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